Quais as vantagens de ter um touro taurino adaptado ao clima tropical?

Na pecuária brasileira, o termo adaptabilidade é utilizado para relatar a habilidade de um determinado genótipo se ajustar às condições ambientais tropicais, sem que haja comprometimento de suas características produtivas e reprodutivas.

            A adaptação de bovinos a um ambiente específico está ligada a mudanças (estruturais, funcionais ou comportamentais), de forma que possibilitem a sobrevivência, reprodução e produção destes animais.

            Em todas as fases da produção bovina, os fatores ambientais exercem efeito direto e indireto, o que pode acarretar queda na produtividade e consequentes prejuízos econômicos.

            Em virtude dos fatos acima mencionados, vamos te mostrar as vantagens de possuir um touro taurino adaptado no seu rebanho.

Como é possível a existência de animais taurinos adaptados ao clima tropical?

Segundo a Embrapa (2011), as raças bovinas são descendentes de um ancestral primitivo em comum, o Bos primigenius. As diferenças básicas entre as raças ocorreram pois evoluíram em ambientes distintos, sob seleção praticada por seus criadores.

A Bos indicus (espécie que inclui as raças zebuínas, como a Nelore) evoluiu na Índia e no Paquistão, locais que apresentam clima quente e úmido no verão, com pastagens de baixa produção e qualidade. Já a Bos taurus (espécie que inclui as raças de origem europeia) evoluiu em regiões que apresentam clima temperado com inverno muito frio, com solos de melhor fertilidade e onde estas raças foram selecionadas por muito mais tempo.

Desta forma, as raças bovinas, podem ser classificadas nos seguintes grupos: taurinas, taurinas adaptadas, zebuínas e compostas.

As raças taurinas adaptadas são raças de origem taurina que ao longo de sua formação sofreram desafios para adaptação aos trópicos. Dentre estas, encontram-se as raças taurinas africanas, como a raça Bonsmara.

Por que não utilizar um touro taurino não adaptado?

A falta de adaptação dos touros de origem europeia ao regime de pasto é um grande fator limitante aos programas de cruzamento na pecuária de corte brasileira.

A sensibilidade destes touros torna sua vida reprodutiva muito curta, de forma que encarece os custos fixos, advindos do investimento na aquisição do touro, por bezerro produzido ou devido a necessidade da aplicação de biotecnologias, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).

Quais são as vantagens em se ter um touro taurino adaptado?

É importante que se tenha genótipos adequados ao clima tropical, uma vez que bovinos sob constante estresse térmico acarretam prejuízos por apresentarem menores índices de produtividade.

A utilização de raças taurinas adaptadas deve ser estimulada em sistemas de cruzamentos industriais com zebuínos, em clima tropical, para garantir o incremento produtivo e a qualidade visados nestes sistemas.

As raças taurinas adaptadas, como a raça Bonsmara, apresentam a qualidade de carne própria do Bos taurus, o que vem sendo cada vez mais visado devido às exigências do mercado consumidor.

Os animais taurinos adaptados conseguem expressar todo o seu potencial genético, de modo que apresentam precocidade e alta libido (cobrem a pasto, não necessitando de biotecnologias, como a IATF).

A raça Bonsmara: taurinos adaptados ao clima tropical!

O fato do gado Bonsmara ter sua base genealógica nas raças taurinas Africâner (Bos taurus africanus, Sanga), Shorthorn e Hereford (Bos taurus taurus) e ter sido desenvolvido no continente Africano, garantiu um animal 100% taurino e adaptado às condições climáticas do Brasil.

Conforme o Professor Jan Bosma (geneticista que desenvolveu a raça Bonsmara), o aspecto mais importante da criação de gado de corte é sua adaptação ao ambiente. Desta forma, o touro da raça Bonsmara além de cobrir a campo (sob sol quente), apresenta características desejáveis, como: fertilidade, precocidade, alta libido, qualidade espermática, boa conversão alimentar e temperamento dócil (animais mais calmos ganham mais peso e são mais seguros no manejo).