IATF x Monta Natural:

Descubra as vantagens da monta natural do gado de corte!

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2020), o rebanho bovino voltou a crescer em 2019, após ter apresentado dois anos de queda (2017 e 2018). O aumento de 0,4% proporcionou o número de 214,7 milhões de cabeças, mantendo o país como portador do maior rebanho comercial bovino e principal exportador desta carne. Este fato corrobora com os dados da Secretaria do Comércio Exterior, em que o ano foi marcado pelo recorde de exportação de carne bovina, principalmente para a China. Fato que incita a produção de gado de corte.

Dentro deste cenário, Mariana Oliveira (Supervisora de Pecuária do IBGE) verificou em sua pesquisa queda na participação de fêmeas no abate, o que sugere transição de ciclo de baixa para ciclo de alta na pecuária. O ciclo de alta caracteriza-se por quando o pecuarista passa a reter fêmeas devido aos bons preços de mercado.

            Com a retenção de fêmeas para reprodução devido ao quadro positivo do mercado, viemos mostrar as principais vantagens em realizar a Monta Natural em relação à Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) no gado de corte.

O que é IATF?

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma biotecnologia na qual há dia e horário para proceder a inseminação artificial de um lote de matrizes. A sincronização da ovulação destas fêmeas é feita por meio da aplicação de medicamentos em dias preestabelecidos.

Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA, 2011) houve aumento na comercialização de sêmen em 300% após o surgimento da IATF entre os anos de 2000 e 2011.  Porém, a fertilidade de matrizes submetidas aos protocolos de IATF parece ter se estabilizado, com taxas de prenhez entre 40% e 60% nas duas últimas décadas (MENEGHETTI et al., 2009; SÁ FILHO et al., 2009).

Silva et al. (2017) relataram que há fatores que influenciam os resultados da IATF, como: necessidade de estrutura da fazenda (divisão de lotes, cercas, curral, etc.), categoria animal (nulíparas, primíparas e multíparas), escore de condição corporal (ECC), tamanho do lote, protocolo hormonal, inseminador e a qualidade do sêmen.

O que é Monta Natural?

            A Monta Natural (MN) nada mais é do que quando o macho e a fêmea realizam a cópula em liberdade, sem interferência do homem. Considera-se que um touro pode atender um lote de 30 a 50 vacas durante um período de monta de cerca de quatro meses.

            O touro de cada raça apresenta determinada capacidade para cobrir vacas, sendo que animais taurinos possuem maior libido e podem ser utilizados em maior número de fêmeas.

Para a Monta Natural, dentre os fatores que influenciam os resultados temos a qualidade genética do touro e a relação touro:vacas. Amaral et al. (2003) descreveram que quando o sistema de produção é analisado sob o pressuposto de ganhos genéticos traduzidos em ganho de peso, o investimento em touros melhoradores é compensador, entretanto, apresentam alto custo.

            Como vantagens, a MN possibilita economia com mão-de-obra e o melhor aproveitamento dos cios.

IATF x MN: Qual apresenta maior viabilidade?

A utilização da Estação de Monta (EM) é uma realidade em grande número das fazendas no país. Contudo, junto a esta estratégia tem-se as opções de acasalamento, entre elas a Monta Natural (MN) e a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).

A Estação de Monta garante a concentração de nascimentos de bezerros na época pré-programada em cada fazenda, propiciando manejo (como cura de umbigo, vermifugação, vacinações, etc.) de forma que a mão de obra seja melhor aproveitada.

Apesar do alto custo com touros, é possível acelerar o retorno do investimento quando maximizada sua utilização, de forma que estes acasalem com o maior número de vacas possível. Para isto, deve ser utilizada pelo menos uma relação touro:vacas de 1:30. Além disto, na Monta Natural o custo com mão de obra é reduzido consideravelmente e não há custos advindos da aquisição de fármacos.

“Qual o tipo de acasalamento é mais viável?” é uma das perguntas mais respondidas pelos pesquisadores da Embrapa Gado de Corte no livro “Gado de Corte: 500 perguntas – 500 respostas”. De acordo com o livro, o resultado da viabilidade depende de uma série de fatores: preço do touro, relação touro:vacas, vida útil do touro, preço do sêmen, preço dos hormônios e, principalmente, da eficiência reprodutiva alcançada com cada processo (taxa de prenhez).

A Embrapa Gado de Corte obteve, por meio de simulações, que os resultados da Monta Natural foram superiores aos da IATF. Como relatado anteriormente, um dos principais fatores para a viabilidade de um tipo de acasalamento é taxa de prenhez, na qual a MN alcança facilmente 80%, o que não acontece com a IATF, na qual a eficiência reprodutiva apresentada em trabalhos científicos ainda é muito baixa (50 a 55% de prenhez), o que torna muito caro o uso desta tecnologia.

Em sistemas nos quais é utilizada majoritariamente a IATF com objetivo de obter taxas de prenhez acima de 80%, são necessários três procedimentos de inseminação no rebanho, o que faz com que cada fêmea seja manejada em média sete vezes, acarretando prejuízos devido ao estresse do animal, como perda de peso e riscos de manejo, além de custos com mão de obra.

Adicionalmente, para garantir estes resultados normalmente são utilizados touros de repasse, cuja concentração touro:vacas deve ser maior, pois as matrizes têm seus cios sincronizados. Portanto, mesmo optando pela IATF, para obter bons resultados ainda é necessária a utilização de Monta Natural (MN). 

Em contrapartida, utilizando a IATF pode-se fazer cruzamentos com raças não-adaptadas, nas quais os touros não conseguem cobrir fêmeas a campo em condições de clima tropical. Já na Monta Natural, a viabilidade depende da adaptação do touro, existindo menos opções de raças adaptadas quando se trata de cruzamento industrial com taurinos, visando obter maior heterose sobre um rebanho de vacas zebuínas, como a Nelore.

Quais características um touro necessita ter para realizar adequadamente a Monta Natural?

Um touro, permanecendo por longo tempo na fazenda (cerca de seis estações de monta) tem potencial de deixar até 300 descendentes, dependendo da relação touro:vacas e das taxas de prenhez obtidas. Segundo Silva et al. (1993) isto o torna responsável por mais de 90% do ganho genético do rebanho, apesar da presença física de apenas 5%. Portanto, a escolha do reprodutor é de fundamental importância e deve ser embasada na avaliação genética.

            O touro deve possuir características que o permitam executar de modo eficaz a Monta Natural, como: adaptabilidade ao ambiente tropical, precocidade, fertilidade, alta libido (o touro deve cobrir a campo e inclusive sob sol quente) e não apresentar degeneração testicular. Os touros Bonsmara Barra Grande apresentam todas estas características ideais.

Por que investir em um touro Bonsmara Barra Grande?

Os touros Bonsmara Barra Grande são animais 100% taurinos, totalmente adaptados ao clima tropical, que devido à precocidade, alta libido e fertilidade são viáveis para Monta Natural, apresentando excelentes resultados. Desta forma, dispensam os custos provenientes de protocolos de IATF.  

            O gado Bonsmara é originário de raças não zebuínas [Africâner (Bos taurus africanus, Sanga), Shorthorn e Hereford (Bos taurus taurus)]. Assim, no cruzamento com raças zebuínas propicia 100% de heterose, o que significa 20 a 25% de ganho em características economicamente importantes, como: ganho de peso, precocidade sexual e acabamento.

A raça Bonsmara é reconhecida como a raça bovina de maior conversão alimentar do mundo (transformação de capim em carne).

A raça Bonsmara no cruzamento industrial:

O Bonsmara resulta em excelente resultado no cruzamento industrial com a raça Nelore, devido à máxima heterose produzida.

Os bezerros provenientes deste cruzamento apresentam pelo curto e são muito padronizados. As fêmeas B-1 Bonsmara (touro Bonsmara x vacas Nelore ou aneloradas) tem alta habilidade materna e tamanho moderado. As matrizes entram no cio cerca de um ano antes das matrizes zebuínas.

O F1 (Bonsmara x Nelore) é abatido aos 27 meses com 540 kg, em regime exclusivo a pasto. Em confinamento, o mesmo animal chega a 540 kg com 21 meses. Também pode ser feito o super precoce, com confinamento logo após a desmama aos oito meses de vida. Apresenta também, viabilidade para o método Boi 7-7-7, no qual o animal é desmamado com sete arrobas, ganha sete arrobas na recria e outras sete na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate, de preferência, em no máximo dois anos.

A raça Bonsmara produz uma das carnes mais saborosas e macias do mundo, característica altamente desejável no cruzamento industrial com o Nelore, visando o mercado de exportação.

            Além do cruzamento com a raça Nelore, outra alternativa é o cruzamento com fêmeas F1 e F2 Angus x Nelore. José Roberto Puoli (Engenheiro Agrônomo e Pecuarista) relata que o cruzamento do Bonsmara sobre fêmeas F1 Angus x Nelore funciona muito bem, pois origina animais superprodutivos, adaptados, precoces e com uma carne fantástica.

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