Beef on Dairy: como a genética de touros Bonsmara pode promover melhor resultados em crias de vacas leiteiras

Beef On Dairy é um conceito que está fazendo bastante sucesso em rebanhos leiteiros dos EUA. O termo se refere a utilização de touros de corte em vacas leiteiras, que tem como objetivo produzir bezerros que serão destinados a produção de carne. As matrizes mais bem avaliadas são designadas ao cruzamento de pura origem para haver a reposição das vacas leiteiras, e o restante das fêmeas são usados genética de touros destinados ao corte. Destinar um percentual das vacas mais bem avaliadas para fazer crias de reposição, só é possível devido a utilização de sêmen sexado, pois com ele é possível determinar qual será o sexo do bezerro(a).

O uso da estratégia Beef on Dairy, resulta em animais de reposição mais aptos ao ganho de peso, rendimento de carcaça, conversão alimentar e por consequência resulta em maior retorno financeiro. Por isso, ao fazer o uso dessa estratégia, temos um bezerro na desmama bem mais valorizado no mercado, quando comparado ao bezerro popularmente conhecido como “gabiru”. Portanto, essa modalidade traz muitos benefícios aos produtores de leite que podem auferir mais uma forma de rentabilidade.

Principais vantagens:

  • Em comparação com bezerros leiteiros puros, os bezerros de Beef-on-Dairy podem ter carne bovina de maior qualidade sem impactar a produção de leite;
  • Os bezerros de Beef-on-Dairy apresentam maior eficiência alimentar, o que melhora os índices de produtividade;
  • O Beef-on-Dairy fornece maiores volumes de carcaças de carne bovina de maior qualidade, resultando em possibilidade de venda de uma carne premium.

Ao escolher a raça de touro de corte, deve-se tomar cuidado com a escolha, para obter as vantagens descritas acima a escolha deve ser bem acertada, pois o uso de qualquer raça de corte não garante bons resultados. Se faz necessário a utilização de animais bem avaliados e com características que promovem as vantagens citadas anteriormente.

No Brasil, um país de clima tropical e majoritariamente quente, essa escolha se torna ainda mais criteriosa. Olhando os números da atividade leiteira no país, observa-se que cerca de 70% da produção leiteira no nosso país provém de vacas mestiças de Holandês-zebu, que são as vacas resultantes de uma raça pura de origem europeia (Holandês, Jersey, Suíça-Parda) e de alguma raça de origem indiana (Gir Leiteiro, Guzerá, Sindi). O cruzamento mais comum é o de Holandês com Gir Leiteiro, que resultou na raça popularmente reconhecida como Girolando. (MIRANDA E FREITAS, 2009).

Ainda de acordo com o autor, o animal resultante do cruzamento de vaca Gir e touro Holandês, imprime características como precocidade e aptidão leiteira (oriundas do Holandês) e resistência a ectoparasitas, maior resistência ao calor e superior rusticidade (oriundas das raças zebuínas). Esse cruzamento, pode auferir melhora em até 28% as características advindas de cada raça. Considerando esses animais F1 com essas vantagens e considerando a estratégia Beef on Dairy, pode-se incluir mais uma raça nas fêmeas oriundas do primeiro cruzamento.

Os animais denominados de “Girolando” são 3/8 da raça Gir Leiteira e 5/8 da raça Holandês. Ao colocar uma genética de um touro Bonsmara, nas prenhezes das fêmeas Girolando, o resultado será um animal com uma excelente aptidão ao corte. A raça Bonsmara, conforme artigo desse blog tem por características precocidade, melhor conversão alimentar, melhor formação de carcaça e uma excelente qualidade de carne.

Quando se faz um Tricross (colocar outra raça nas fêmeas F1) os filhos resultantes desse cruzamento são superiores aos pais, resultante da heterose. Essa progênie, seria 18,75% de Gir, 31,25% de Holandês e 50% de Bonsmara, os bezerros nasceriam com uma melhor adaptabilidade, uma maior eficiência alimentar, qualidade de carne superior e um animal ainda mais precoce. Sendo esse animal muito buscado por confinadores e recriadores.

Uma das principais vantagens é a produção de um animal adaptado ao clima tropical brasileiro e com qualidade de carne superior. Então, pode se concluir que a inserção da genética da raça Bonsmara em vacadas leiteiras pode resultar em um melhor resultado financeiro aos agentes da cadeia agropecuária (produtor de leite, produtor de gado de corte e abatedouros), que teria um bezerro muito procurado pelo mercado devido as suas características genéticas superiores.

Você tem alguma dúvida sobre o Bonsmara? Envie para a equipe Barra Grande que iremos te responder.

Referências

MIRANDA, João Eustáquio Cabral de; FREITAS, Ary Ferreira de.  Raças e tipos de cruzamentos para produção de leite. Circular Técnica 98 – Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2006. p. 1-12., 2009.

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