Porquê o Tricross Nelore x Angus x Bonsmara é vantajoso?
Você sabe o que é um cruzamento industrial e o que ele permite?
O cruzamento industrial é definido como a combinação ou acasalamento de raças de diferentes tipos biológicos, que apresenta como objetivo a maior eficiência na produção de carne.
O cruzamento industrial permite: aproveitar os ganhos provenientes da heterose, a utilização de diferenças genéticas que existem entre raças puras e flexibilidade aos sistemas de produção como no manejo e comercialização.
Quais são os tipos de cruzamentos industriais?
Os cruzamentos podem ser classificados das seguintes formas:
Cruzamento rotacionado:
Quando são utilizadas apenas duas raças, onde segura-se as fêmeas para reprodução, sendo estas acasaladas com animais da raça materna ou paterna (retrocruzamento).
Cruzamento terminal:
No qual ocorre o cruzamento entre duas raças e todos os produtos são destinados ao abate.
Cruzamento rotacionado-terminal:
São utilizadas duas raças para produzir os animais F1 e cruza-se as fêmeas F1 com uma terceira raça, onde os produtos, machos e fêmeas, são destinados ao abate.
Este cruzamento triplo, normalmente chamado de tricross pelos pecuaristas, é a definição mais próxima de three crossover, um termo importado dos Estados Unidos.
Então, o que é um Tricross?
O tricross consiste na utilização de uma terceira raça (geralmente taurina), nos cruzamentos com animais taurinos x zebu (F1), mantendo-se boa heterose.
A raça Bonsmara
O fato da raça Bonsmara ter sua base genealógica nas raças taurinas Africâner (Bos taurus africanus, Sanga), Shorthorn e Hereford (Bos taurus taurus) e ter sido desenvolvido no continente Africano, garantiu um animal 100% taurino e adaptado às condições climáticas do Brasil.
No que tange o avanço no uso de genética taurina, a raça Bonsmara mostra-se altamente interessante, visto que além da excepcional qualidade de carne, é uma raça adaptada ao clima tropical e precoce, o que garante desempenho em sistemas de produção a pasto (os mais utilizados no Brasil).
A raça Bonsmara desponta como nova fonte de material genético, constituindo como importante recurso genético para os trópicos, beneficiando dessa forma criadores e consumidores de touros que querem trabalhar os animais como raça pura ou como fornecedor de heterose em acasalamentos com outras raças.
Por que a raça Bonsmara é apropriada para ser usada no Tricross com meio-sangue Angus x Nelore (F1)?
Em relação à distância dos genes entre as raças utilizadas no cruzamento, quanto maior, maior também será a média produtiva do bezerro em relação aos seus pais. Por este motivo, a F1 meio-sangue Angus x Nelore apresenta ótimos resultados, pois tem 50% de zebuíno e 50% de taurino.
Caso o cruzamento com a F1 seja feito com um touro Bos indicus (zebuíno), tem-se 75% de sangue azebuado, prejudicando características econômicas do produto, como precocidade, conversão alimentar e qualidade de carne.
Ao utilizar um taurino europeu, Hereford, Simental ou mesmo retroceder com Angus, tem-se 75% de sangue europeu, resultando em animais não-adaptados, com menor resistência a endo e ectoparasitas, que não estarão em condições de expressarem seu potencial produtivo em clima tropical.
Para sair desta situação de 75% sangue zebuíno ou taurino, a indicação para o cruzamento tricross são raças adaptadas, como a raça Bonsmara.
Quando utilizamos touros da raça Bonsmara nas F1 (Angus x Nelore) obtemos heterose aditiva, por ser uma raça taurina de origem africana), o que garante maior heterose em comparação ao cruzamento com outro taurino europeu. Desta forma, o produto tricross será ainda superior em características produtivas, como conversão alimentar, docilidade e ganho de peso, mantendo 75% de sangue adaptado, o que lhe permite expressar todo seu potencial nos trópicos.